Fomos à Associação de Moradores de Ereira visitar uma eira. Recolhemos informação dos escritos e da conversa com o sr. José Botelho:
"A eira é um pedaço de terra em forma de circunferência e é de terra batida. Todos os anos antes da secagem dos cereais as ervas eram cortadas e varridas, à noite era bem regada. No outro dia de manhã era bem pisada com um rebanho de cabras ou ovelhas sempre a andar de roda e ao mesmo tempo voltava-se a regar e a espalhar palha de trigo ou de cevada. Depois da terra estar bem seca estava apta para se fazerem as operações necessárias aos cereais. As eiras tinham à sua volta, só na parte norte, pilares de pedra com cerca de um metro de altura com uma cavidade na parte de cima e um furo redondo a cerca de um palmo do chão, onde se colocavam varas de eucaliptos que serviam de apoio aos "adzarves", pequenos molhos de giestas, urzes ou eucaliptos, que se colocavam ao alto encostado às varas para fazer abrigo. Também se fazia uma choupana porque nessa época havia sempre alguém que dormia na eira. Com a entrada dos cereais na eira procedia-se à sua secagem, a que se seguia a debulha que era feita nas horas de calor, onde homens e mulheres com mangualdes e forcados batiam nos cereais, debulhando-os.
Noutras alturas os cereais eram debulhados a pé de gado ou seja o trigo era espalhado na eira e os animais andavam à roda com os trilhos atras de si. O trilho era um engenho que na parte de baixo tinha quatro ou cinco rolos com dentes de chapa que rolavam em cima do trigo e em cima andava um ou dois miúdos a fazer peso. Depois de tantas voltas conseguiam retirar o trigo da espiga. De seguida com forquilhas e ancinhos era retirada a palha, ficando só o trigo que era varrido para o centro da eira e com as pás era levantado ao ar para o vento levar a sujidade. Seguidamente era ensacado ficando à espera para chegar ao moinho de onde sairia a boa farinha.
Algumas das ferramentas utilizadas na eira: mangualde, forcados e outros paus, forquilha, limpadora, rodo, pá, vassoura, panos, crivo e alqueire, etc .
Com a evolução tudo foi mudando para melhor, apareceram máquinas de ceifar e atar, máquinas de debulhar a vapor e até há relativamente poucas décadas chegou outra máquina, "tramagal", que debulhava e enfardava a palha. A evolução continuou e hoje uma só maquina faz tudo, ceifa, debulha e enfarda tudo na própria terra onde está a seara, sem necessidade de eira."
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